Mais de 60% dos jovens que não concluíram ensino médio trabalham em empregos informais

Mais de 60% dos jovens que não concluíram o Ensino Médio trabalham em empregos informais. O dado é da pesquisa “Juventude Fora da Escola”.

O levantamento ainda mostra que, para os 9 milhões de brasileiros na faixa de 15 a 29 anos que abandonam as salas de aula, as oportunidades no mercado de trabalho são limitadas e precárias.

Realizado pela Fundação Roberto Marinho e o Itaú Educação e Trabalho, com colaboração técnica do Datafolha, o estudo revela, ainda, que a evasão escolar atinge, principalmente, negros e pobres, alimentando um ciclo de pobreza e desigualdade.

Na comparação com os que terminaram a educação básica, os jovens que não finalizaram os estudos têm 50% mais chance de cair em um emprego informal.

Em relação aos que terminaram o Ensino técnico ou superior, a disparidade aumenta. Nesse caso, a chance dos que não terminaram o ensino básico de cair na informalidade é duas vezes maior.

Para Rosalina Soares, assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho, a “tolerância” da sociedade brasileira em relação à exclusão educacional dos mais vulneráveis resulta na grande quantidade de jovens que abandonaram os estudos.

Segundo ela, o custo social e econômico dessa evasão atinge os jovens e o país:

“Se a gente pega indicadores de renda, realmente terminar o Ensino Médio técnico faz muita diferença. E em relação ao ensino superior, você tem um avanço muito qualitativo em termos de renda para esses jovens. O efeito negativo para o país de aceitar que esses jovens não concluam ao menos o Ensino Médio é que a gente perde R$ 20 bilhões por ano, 3,5% do nosso PIB. Ou seja, você está repetindo, aprofundando o ciclo de pobreza e de desigualdade”, afirma.

Mudança de rota

A necessidade de trabalhar foi a principal razão para a evasão escolar dos jovens. Mas, o estudo revela que eles têm interesse em mudar esse jogo. Isso porque quase três quartos deles têm a intenção de retomar os estudos para concluir o ensino básico.

É o caso de Luís Henrique, de 19 anos, que seguiu esse caminho. O mineiro abandonou a escola no terceiro ano do ensino médio para trabalhar. Mas, após a mãe receber um aumento salarial, ele voltou a estudar e pretende ingressar em uma faculdade.

Eu saí da escola, mas eu era muito bom aluno. Sempre tirei dez na maioria das provas. Mas, pela questão financeira, eu não consegui terminar. Foi muito difícil eu conciliar o trabalho, o estudo. Teve um tempo que não deu para conciliar, então eu saí. Ou eu vou estudar, ou eu vou passar fome. Eu não vou passar fome (…). Trabalhava como cuidador idoso. Como a minha mãe é técnica de enfermagem, ela conseguiu receber um aumento e não precisou mais da minha ajuda em casa. Então, aí eu parei de trabalhar e resolvi estudar de vez” conta.

Entre as mulheres, oito a cada dez que deixaram as salas de aula possuem filhos. Elas são as que enfrentam mais desafios para voltar a estudar.

De acordo com Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, é necessário pensar em políticas públicas olhando para entender os motivos que fizeram os jovens deixarem as escolas e, a partir disso, pensar em iniciativas que atendam a todos.

“E esses jovens estão dizendo: ‘eu saí para ajudar em casa’. Então, o que a gente precisa pensar é: que política é essa? Como que a gente vai criar e produzir respostas para um problema que está posto? Então, a gente vai precisar produzir políticas novas”, afirma.

A pesquisa apontou, ainda, que a diversidade de modelos para concluir os estudos e conciliar com o trabalho é um fator que faria os estudantes voltarem às aulas.

Além disso, mais de três quartos dos que querem voltar a estudar, desejam fazer um ensino médio técnico. Para os pesquisadores, esse é mais um indicativo de que educação e oportunidades no mercado de trabalho andam de mãos dadas.

Fonte: CBN

Fale Conosco!
Pular para o conteúdo