47% da população adulta não concluiu o ensino médio, diz pesquisa

Quase a metade (47%) dos adultos de 25 a 64 anos não concluíram o ensino médio. É o que diz os relatórios inéditos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, (OCDE), produzidos com suportes técnicos do Todos Pela Educação e também do Itaú Social. Os dados do estudo foram obtidos do Ministério da Educação (MEC), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), do Conselho Nacional de Educação, e outras organizações da sociedade civil que contribuíram de forma ativa para as pesquisas.

Segundo Patrícia Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, os relatórios têm como um grande norte, analisar os efeitos da evasão escolar e das necessidades estruturais e educacionais das escolas públicas e privadas. Um dos dados do estudo mostra que, em 2018, 28% das mulheres brasileiras de 25 até 34 anos não possuem formação no ensino médio e superior. Para a população masculina, o número é ainda maior, chegando a 37%. Em comparação, a média absoluta dos 31 países membros da OCDE é de 13% para as mulheres e 17% para os homens.

As pesquisas da OCDE, lançadas na semana passada em uma cerimônia de forma remota, traçam os números da educação brasileira em um panorama internacional. Os relatórios abrangem desde a educação infantil até o ensino superior e analisam o desempenho de cada setor, as suas prioridades e também recomendações para as políticas educacionais brasileiras.

Os estudos oferecem uma perspectiva quantitativa e qualitativa dos pontos fortes, desafios e prioridades futuras, bem como indicativos de ação. A iniciativa tem o objetivo de apoiar na formulação de estratégias e políticas para o enfrentamento dos obstáculos inerentes da educação e gerados pela pandemia, a partir de evidências nacionais e internacionais.

Segundo o órgão, o principal desafio consiste na melhoria dos resultados de aprendizagem e no enfrentamento das altas taxas de evasão escolar, em particular no ensino médio. De acordo com o estudo, aumentar os níveis de escolaridade de forma qualitativa será vital para que o país se junte a outras economias globais mais avançadas.

A pesquisa foi apresentada no webinário “A educação brasileira em perspectiva internacional” na última quinta-feira (30). O evento contou com a participação do diretor de Educação e assessor especial em Política Educacional da Secretaria Geral da OCDE, Andreas Schleicher, da superintendente do Itaú Social, Angela Dannemann, da presidente-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz e da presidente do Conselho Nacional de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.

O estudo aponta o que precisa ser feito em termos de políticas estruturantes na área da Educação Básica. Muitas delas, inclusive, já estão em curso, ainda que em diferentes estágios. Mas a OCDE reforça que o momento atual é de mitigar os efeitos imediatos do prolongado período de fechamento das escolas e, em paralelo, retomar a visão de médio e longo prazos para as políticas educacionais do país. “Para avançarmos nesses dois caminhos, o relatório traz análises detalhadas e recomendações específicas, algo razoavelmente inédito nas publicações da OCDE para o Brasil”, explica a presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.

Os relatórios trazem uma análise detalhada do desempenho do sistema educacional brasileiro, em relação a países comparativamente relevantes, incluindo os da América Latina e os membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma iniciativa que acompanha as políticas educacionais de 31 países e também de outras nações que participam do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Além disso, o estudo também apresenta dez alternativas para que o Brasil melhore a qualidade da educação e busque a equidade dos resultados dos educandos.

Segundo Patrícia Mota Guedes, integrante do Itaú Social, que desenvolve, implementa e compartilha tecnologias sociais para contribuir com a melhoria da educação pública brasileira, o estudo pode ser analisado como uma linha temporal do sistema de ensino desde 2015. “É uma análise que traça um filme, visualizando as mudanças e as evoluções e o que foi acontecendo no cenário educacional brasileiro nos últimos seis anos”, afirma.

Para a gerente, um grande ponto estudado pelos relatórios é as análises das formas em que os sistemas de aprendizagem foram coordenados durante o período da pandemia de Covid-19 no Brasil. “A pandemia no Brasil acirrou e intensificou desigualdades gigantescas que já existiam, não só no ponto de vista econômico, como também as desigualdades de raça, de gênero, de localização.”

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